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Mitos e verdades sobre cannabis medicinal e recreativa

Profissionais da área diferenciam os benefícios e malefícios dos tipos de uso

Por redação Sechat

A discussão em torno da cannabis ganhou destaque nos últimos meses, especialmente após a recente decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que proibiu a compra da cannabis in natura, afetando significativamente a vida de pacientes que utilizam a planta em tratamentos de saúde.  

Em meio a uma quantidade significativa de informações sobre o tema, é essencial separar a verdade da ficção quando se trata das diferenças entre o uso medicinal e o uso adulto da planta de cannabis.


Diferenciação: uso medicinal X uso adulto

“É fundamental entender que a terminologia correta é ‘cannabis medicinal’”, destaca o Dr. Eduardo Testa, endocrinologista com amplo conhecimento na temática que continua:

“A cannabis medicinal é utilizada para fins terapêuticos, e seus componentes principais, como o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC), são extraídos da planta e transformados em compostos farmacêuticos como óleos, tinturas, comprimidos, etc. Por outro lado, seu uso adulto tem como objetivo a recreação, frequentemente utilizada por meio da queima das partes fumáveis da planta.”


Uso adulto: riscos e efeitos psicossociais

Testa explica que consumir maconha de forma recreativa, geralmente por meio de inalação de fumaça, apresenta riscos significativos à saúde. A queima dos componentes da planta pode produzir substâncias prejudiciais e danificar os compostos benéficos presentes nela.

É preciso salientar ainda, que o consumo recreativo está associado a danos psicossociais e risco de desenvolvimento de psicoses, especialmente em jovens cujo cérebro ainda está em desenvolvimento, mas existem alguns mitos que aumentam esses danos, como o do que a planta “mata neurônios”.

“Esse mito veio de um estudo feito pelo governo dos Estados Unidos na década de 70, no qual davam 30 cigarros de maconha por dia para macacos inalarem, o que acabava matando seus neurônios com intoxicação de monóxido de carbono, e diziam ser pela cannabis. Na verdade, os compostos da cannabis são neuroprotetores, que protegem nosso sistema nervoso central e estimulam sua homeostase”, esclarece o médico.


Cannabis medicinal: tratamentos e efeitos colaterais controláveis

A cannabis medicinal, por outro lado, demonstrou eficácia em uma variedade de condições, incluindo epilepsia refratária, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Parkinson e artrite reumatoide. Cresce cada vez mais o número de pessoas que sofrem de patologias como essas e procuram o tratamento com a planta.  

“Os efeitos colaterais observados são bem menos danosos ao organismo quando comparados a alguns alopáticos, e não possui os riscos de dependência muitas vezes associados a outras substâncias. Com a legislação correta, sua aplicação terapêutica poderia ir muito além do que se é considerado no Brasil, como indicam políticas públicas em outros países”, esclarece Testa.   


CBD e THC: componentes fundamentais  

Tanto o CBD quanto o THC são fitocanabinoides da planta de cannabis, mas atuam em diferentes receptores e podem ser complementares em algumas indicações. A escolha entre produtos de espectro completo, amplo espectro ou isolados (apenas CBD) depende da situação clínica.  

“O THC inalado é empregado em casos de dores agudas, com ação analgésica rápida, embora o efeito não seja duradouro como por via oral”, destaca o Dr. Eduardo Testa.


Cannabis medicinal no brasil: legislação e uso   

A cannabis medicinal é regulamentada no Brasil e pode ser prescrita por médicos e odontólogos e os produtos são geralmente importados de países que permitem a produção, como EUA, Suíça, Colômbia e Uruguai.  

O desenvolvimento do canabidiol sintético está em andamento, mas produtos naturais ainda são os mais comuns. O cultivo e extração estão limitados a algumas associações, universidades e pacientes sob autorização judicial.

 
Esclarecendo mitos e promovendo uso responsável   

A clareza entre uso medicinal e adulto da cannabis é fundamental para garantir o uso seguro e eficaz desses compostos. Para Caroline Heinz, fundadora da FlowerMed, empresa comprometida com tratamentos seguros e eficazes baseados em cannabis:  

“O propósito é unir conhecimento, acessibilidade e busca pela saúde em uma única jornada, demonstrando que a cannabis medicinal possui ação terapêutica comprovada em diversas condições clínicas”.  

A compreensão dessas diferenças é essencial para que pacientes e profissionais de saúde possam tomar decisões informadas e responsáveis sobre o uso da cannabis para fins terapêuticos e recreativos, deixando claro, como ressalta o Dr. Eduardo Testa, que “a cannabis medicinal não tem nenhum tipo de vício, nenhum tipo de risco e o mais importante, a cannabis não mata”.


Fonte: https://sechat.com.br/mitos-e-verdades-sobre-cannabis-medicinal-e-recreativa/